eu sinto saudades de ser divertido
Antes de mais nada eu vou dizer que tá tudo bem.
Não é um desabafo, não é uma reclamação. Nada disso. É só uma reflexão.
Tava pensando nisso esses dias, assim por cima, e hoje resolvi apenas colocar no papel.
Pode até ser aquela história de “crise de meia idade”, afinal de contas, os 35 estão chegando. A gente fica meio reflexivo. Bom, pelo menos estamos em pleno 2022, ainda falta bastante pra meia idade. Pior seria se eu estivesse tendo essa reflexão em 1920. Aí sim poderia ser de meia… ou melhor, de ⅔ de idade. A expectativa de vida era bem baixa naquela época né? Enfim…
O título desse texto é algo que além de reflexão quero colocar como meta para o futuro.
Desde pequeno eu sempre fui considerado como uma pessoa engraçada. Divertida. Cheia de sacadinhas, piadinhas, lembro que até mesmo uma professora minha certa vez mandou um recado pra minha mãe dizendo que eu falava muito na sala e fazia muita gracinha. Ela até brincou que eu era um mini Jô Soares. Era o gordinho falador e piadista, aos 5 ou 6 anos de idade.
Cresci assim. Sempre preferindo os filmes de humor aos de terror. Sempre gostei mais dos quadrinhos da Turma da Mônica aos de herói. Na escola eu sempre ficava atento e alerta pra ter aquela tiradinha que fazia a galera dar risada, que interrompia professores com uma observação espirituosa (mas respeitosa). Claro, eu não era o bobo alegre da turma, especialmente na adolescência onde começaram a aparecer gente realmente boba, aí eu me retraí um pouco.
Fiquei mais na minha, deixando meu humor para os colegas mais próximos, amigos, enfim. Embora gostasse de fazer as pessoas rirem, nunca gostei de ser o centro das atenções. Onde tem alguém que fala mais alto, que puxa a conversa, eu dou a vez. Sou educado.
Aí me descobri de novo assim na internet. Os memes. Os textos curtos. Viralizei várias vezes fazendo graça. Fiz disso minha profissão durante um tempo. Imagina que legal poder fazer as pessoas se divertirem e rirem com o seu trabalho. Não nego, a repercussão de um meme feito por mim, um post, um trocadilho, isso sempre me fez bem. Sempre buscando uma dose extra de serotonina/dopamina, não sei qual é ‘ina’, mas é algum desses hormônios que dão uma sensação boa. Tubaína? Sei lá, deixa pra lá.
Até processado por isso já fui. Bem feito. Foi fazer piada com quem não deve.
Mas a vida vai transformando a gente. Os boletos deixam a gente mais concentrado em ser mais focado e gente focada não é engraçada. Gente focada não faz piada. Precisa entregar resultado, receber em dia.
Faz parte do jogo.
Tem dias que dava pra ser divertido, tem dias que a coisa era séria.
A vida vai passando e eu nem preciso dizer como a forma das pessoas usarem a internet mudou. É tudo muito 79 ou 80. Não tem mais 8 ou 80. É tudo muito urgente, muito importante. E eu dou razão pra isso. Tem muita coisa ruim rolando mesmo.
Deve ter sido aí que o auge do meu humor deu uma bela diminuída. Tava dando uma olhada nas coisas que eu postava antigamente e sempre tinha um memezinho novo, uma piadinha. Hoje em dia tá mais escasso.
É muito trabalho? É. É falta de boas referências? também. Mas é só um pouco de saco cheio mesmo.
Você também tá de saco cheio, não tá? Acontece.
Eu me peguei percebendo isso, ultimamente eu não tenho gostado de nada. O tempo de lazer que tenho vou lá ver episódio repetido de série (de comédia) velha.
Ainda consigo dar boas risadas vendo memezinho, vídeo e coisas que surgem por aí. Mas anda um pouco menos frequente eu me achar divertido. E pra falar a verdade tem dias que eu não me aguento, imagina quem convive comigo. Sinto muito, pessoal!
Bateu essa saudade. Ideias não faltam, elas surgem. As piadas também. Vira e mexe lembro uma daquelas bobinhas e curtinhas que meu avô adorava contar. Puxei isso dele.
Por exemplo:
“um sujeito ligou para um açougue e assim que um homem atendeu começou:
- o senhor tem pé de porco?
- sim
- tem rabo de porco?
- sim
- tem orelha de porco?
- tem sim
- O senhor deve ser feio pra caramba hein!”