Até as influencers se arrependeram de furar a quarentena e quando você vai fazer o mesmo?

No final de semana vimos um show de falta de empatia com o próximo vindo de influencers que acharam o maior barato fazerem uma festinha lotada de pessoas e compartilhar com o mundo todo essa estupidez.

Doeu no bolso delas, metade delas perdeu $ pela repercussão negativa que isso gerou e todas se dizem arrependidas. Acontece.

Criticar a ação dessas pessoas que publicamente expõe sua falta de noção é fácil, é uma irresponsabilidade gigantesca, mas vem de pessoas que se colocaram como pública, que vendem uma imagem diária de vida perfeita e muita gente compra essa ideia em publicações nas redes sociais. Mas de uma forma geral são pessoas que eram como você e eu e foram alçadas a uma fama instantânea sem preparo. E erram. As vezes bem feio, se podemos tirar algo de “bom” disso, é que teve muita gente que está em casa fazendo sacrifícios diários para se manter saudável e manter quem ama protegido que se revoltou e isso pegou bem mal.

Mas e quanto aquele seu amigo que postou stories no final de semana fazendo a mesma coisa com os parças dele?

E quanto aquele seu conhecido que tá pra lá e pra cá durante o final de semana como se nada estivesse acontecido?

E aquele seu vizinho de porta — essa tá acontecendo real comigo — que recebe gente no apartamento dia sim e dia não?

Pelo geral das notícias que circularam neste final de semana, parece que muita gente desencanou de ficar em casa. Saiu mesmo. Dane-se. O foco mudou, né? A confusão instaurada no governo (que só deve piorar, diga-se de passagem) abaixou o nível de notícias sobre a pandemia. Aliás, em vários portais de o comentário mais comum era “ainda bem que aconteceu alguma outra coisa, não aguentava mais ouvir falar de coronavírus”.

Ao mesmo tempo, cada vez em espaços menores, porque já viraram rotina, surgem notícias diárias de governos estaduais abrindo novos hospitais de campanhas, de cemitérios abrindo novas covas esperando o pior e cada vez mais gente próxima do nosso círculo de amizade/familiar como caso confirmado ou perdendo a vida. Para e pensa um pouquinho, especialmente se por um acaso você é dessas pessoas que já “cansou de quarentena”, se caso tudo estivesse REALMENTE BEM estariam abrindo mais hospitais, trazendo novos testes, tendo complicações para fazer velórios e enterros de pessoas?

“Ah mas quer dizer então que agora ninguém mais morre de outras coisas?” — Não, é óbvio. Só que reflita aí, se estão precisando abrir hospitais novos e improvisados para cuidar de pessoas com a covid-19, imagina quem realmente precisa estar na rua trabalhando e sofre algum tipo de acidente. Onde essa pessoa precisa ir? Para um hospital abarrotado, com os profissionais de saúde até a tampa de trabalho e sem a menor ideia de quando isso vai melhorar.

Não tá fácil e é chover no molhado dizer que todo mundo anda fazendo sacrifícios. De perder emprego até estar trancado em casa com seus próprios pensamentos, que a cada dia que passam se tornam mais pessimistas.

Felizmente, meu ciclo de pessoas está com muito mais gente que pode e está ficando em casa do que pessoas que largaram mão. Eu respeito e admiro muito quem precisa sair pra trabalhar para sustentar a família. Mas repudio quem tal qual blogueira, faz festinha pra ostentar amizade em tempos em que estamos nos privando de viver ao lado de quem gostamos.

Faz churrasco em casa.
Compra uma cerveja, liga a webcam e joga conversa fora com a galera.
Mete o som alto, faz uma festa com sua família, seus bichinhos de estimação e quem mais morar na sua casa.

Mas não seja uma pessoa egoísta que vai em bar aberto clandestinamente ou fazer churrasco na casa de parentes porque “não consigo mais ficar em casa”.

Você consegue.
Você pode? Então você deve.