É triste admitir, mas eu tenho a percepção de que a minha geração fracassou.
Eu não sei em que momento isso aconteceu e a sensação é de que isso foi gradual, mas o fato é que o pessoal da chamada geração y é de dar pena. Pena não. É apenas de se lamentar e tentar torcer para que as próximas gerações sejam um pouco melhor. Não quero comentar sobre a próxima geração, mas aparentemente ela também está fadada ao fracasso, mas ainda há bastante tempo para tentar melhorar. A minha não. A minha é infelizmente uma perdida e que vai continuar levando o planeta para o buraco.
“Ah, mas quem está no poder agora são pessoas mais velhas, com outra cabeça outros pensamentos, etc”. Sim, mas a mudança que deveria vir do pessoal na faixa entre os 30 a 40 anos e poderia (veja bem, PODERIA) estar tomando as rédeas das coisas em busca de melhoria e não vão fazer isso.
Muita gente da minha faixa etária se perdeu. Por um lado, pela falta de instrução, pela falta de interesse ou por uma herança de anos de sossego. Muita gente não estava nem aí até outro dia, quando deu por conta como as coisas estão, faltou preparo pra encarar tudo que anda acontecendo. O tempo perdido é imenso.
Por outro lado há aqueles que tiveram um pouco de oportunidade, foram atrás, estudaram, estiveram em melhores posições desde sempre. Só que aí veio uma arrogância tremenda, um senso de egoísmo gigantesco, ou uma falsa sensação de que “isso não vai me atingir”, que deu uma vontade de cuidar apenas do próprio umbigo que é tão prejudicial quanto a falta de recursos.
Isso sem contar as pessoas esclarecidas (e aqui cabe dizer que não só da minha geração, ufa!) que misturaram a falta de conhecimento em coisas básicas com a arrogância e orgulho de ser ignorante, que se tornaram isso tudo que você sabe bem o que é e eu nem preciso dizer.
Eu faço um parênteses aqui para esclarecer que esse não é um post que fala de política. Pelo menos não diretamente. E sim sob o ponto de vista comportamental.
A falta de respeito com o próximo, preconceitos, a falta de cuidado básico com o meio ambiente e principalmente a falta de educação é o que me faz constatar que minha geração é uma que não vai fazer a diferença no mundo. E se for fazer, eu acho que será pra pior.
“Ah, mas peraí, não é bem assim”. Pode ser que não seja, Exceções existem. Só que de uma forma geral, é lamentável observar o mundo como ele é hoje. E sem apontar o dedo para indivíduos, é triste constatar como pessoas que eu tinha em alta conta ao longo da vida se transformaram em pessoas bem diferentes do que aparentavam ser. Seja pelo convívio, seja pela (má) formação ou por achar que ver vídeos de velhos boca murcha metidos a guru sejam uma boa ideia.
A mudança do mundo está acontecendo as vezes pra frente, as vezes pra trás. E a minha geração hoje em dia se preocupa apenas com coisas mesquinhas e em seu próprio benefício.
E quer saber? Sem querer a gente acaba dando exemplo pra próxima geração, que acumula nossos vícios e os problemas inerentes aos seus desafios pessoais e geracionais. A famosa bola de neve vai se formando.
E mais uma vez sem apontar culpados, eu vejo que essa molenguice — proposital muitas vezes — veio em parte pelo fato de sermos uma geração filha de outra geração que tinha pelo que lutar, de pais, avós e parentes que tinham de fatos perigos iminentes em volta. Esses mesmos que lutaram por algo melhor para a nós, talvez tenham deixado os “y” mal acostumados e causando mais problemas do que trazendo soluções. Somos de uma geração que achava que era especial e viveu a vida em busca disso, sem se importar com os outros. Lidando com tudo da forma que aprendeu na televisão ou em uma redoma.
O resultado está aí. Uma inércia imensa diante de tanto problema real.
Vivemos de notas de repúdio.
Eu posso estar enganado.
Eu espero estar.